Inaugurado em
Novembro de 1936 por Getulio Vargas, numa terminologia moderna, denominado equipamento
urbano. Cravado às margens da Baia de Guanabara próximo ao Centro do Rio de Janeiro. A questão localização
sempre foi o ponto forte do aeroporto o que incentivou seu crescimento e
modernização que aconteceram para atender o aumento da demanda constante em
função do desenvolvimento da aviação. Porém seu circuito de tráfego aéreo nas cabeceiras
02 e 20 passa pela vertical de bairros hoje adensados populacionalmente como Glória, Flamengo,
Botafogo, Urca, Laranjeiras, Santa Teresa e Niteroi, bairros que se
desenvolveram em torno do aeroporto dividindo o espaço com as Aeronaves cada
vez mais frequentes. Acontece que a medida que a aviação se desenvolve a cidade
se desenvolve também até um ponto que a saúde e o bem estar das pessoas, a
fauna e a flora, se veem afetados nesse entorno devido
ao ruido, gases emitidos e possíveis vazamentos de combustíveis, óleos
lubrificantes e hidráulicos dispersados por aeronaves que por ventura se
acidentem na Baia de Guanabara.
Concedendo uma
entrevista a uma rede importante de TV um comentarista mais afoito estava
impressionado com a demora em se tirar um jato de pequeno porte da Baia de Guanabara,
não levando em conta que retirando a aeronave rapidamente d’agua um possível
vazamento de óleo ou querosene poderia causar um dano ambiental incalculável a
fauna e a flora presentes. E é esse o ponto, a velocidade da vida urbana atual
não permite aos seus “atores em diversos cenários diferentes – econômico,
ambiental...” se unam e dispensem uma atenção maior à proteção ao meio ambiente
e as consequências de atitudes impensadas que podem afetar a qualidade de vida.
Muitas frentes que hoje se encontram polarizadas precisam se UNIR a um objetivo
comum.
A ICAO (Organização
Internacional de Aviação Civil) em um de seus anexos, mais precisamente o anexo
XVI- proteção ao meio ambiente, classifica todos os tipos de intervenções e
consequentemente ameaças ao meio
ambiente produzidos pela atividade aérea, sugerindo que países membros em suas legislações específicas, preservem,
fiscalizem e desenvolvam políticas de proteção ambiental, em função do ruído aeronáutico e
emissão de gases poluentes. Ora, se um orgão como a ONU através da ICAO se
preocupa ao ponto de emitir um documento específico sobre o tema, isso
significa que em países onde a aviação é muito presente, como é o caso do
Brasil que detém a posição de segunda maior aviação executiva do mundo e ainda
maior operador urbano de aeronaves de asas rotativas do mundo, foram
verificados uma interferência na qualidade das condições ambientais e
consequente equilíbrio na vida do ser humano e esse é o cerne da questão mais
uma vez que fundamenta a preocupação com relação a uma possível privatização do
Aeroporto Santos Dumont. Transformar esse equipamento urbano em um aeroporto
internacional teria como resultado um aumento no volume de tráfego onde seria
incalculável os danos à natureza no entorno do aeroporto. Aumento das pistas
dos terminais de passageiros para atender a demanda significa mexer também no
escoamento desses passageiros e bagagem para os diversos destinos dentro da
cidade e estado do Rio de Janeiro. De uma maneira geral, nunca se investiu nesse
quesito, uma vez que esse escoamento não
é de responsabilidade do operador aeroportuário e sim de Prefeituras e Governos
estaduais que significa : Até o meio fio do aeroporto a responsabilidade é do
operador aeroportuário e do meio fio para fora é do Estado. Não conhecemos a
multimodalidade nem a intermodalidade de transportes na cidade do Rio de Janeiro,
que seria a troca imediata e sistêmica do modal aéreo para o modal ferroviário,
rodoviário ou hidroviário que tenham a capacidade de proporcionar continuidade
e celeridade ao fluxo de passageiros gerados por um aumento de demanda de voos.
No caso do Santos Dumont um aumento de fluxo significa modificar completamente,
as vias de acesso ao centro da cidade, zona sul, zona norte, zona oeste, além
de outras regiões com diversas opções de transporte. Outra questão
que chama a atenção é a existência de um aeroporto com infraestrutura
suficiente e adequada para o processamento de passageiros e carga, faltando
apenas a decisão política e econômica de se criar um escoamento adequado de
passageiros e carga para a cidade ou
para fora dela. A violência do Rio de Janeiro, a falta de opções de transporte
público de qualidade prejudica e muito a operação do Aeroporto Internacional do
Rio de Janeiro (Galeão) que está apenas entre 18 e 20 quilômetros com as alternativas disponíveis hoje
para ligação entre os dois aeroportos. Alternativas essas, não se levando em
conta os horários de picos de movimento ou problemas em suas vias de acesso. Um
modal ferroviário direto seguro e blindado a violência urbana é sem dúvida nenhuma
a melhor alternativa para a discussão ora apresentada com uma possível
privatização e transformação do Aeroporto Santos Dumont num aeroporto
internacional. Não sou contra a privatização, muito pelo contrário, mas é
privatizar o aeroporto para que se seja mais eficiente no atendimento
aeroportuário da cidade, não esquecendo de levar em conta a qualidade de vida
para a população do entorno do Aeroporto Santos Dumont e do Rio de Janeiro. Não
entendo como vocacional para o aeroporto Santos Dumont essa expansão e aumento significativo
de tráfego transformando-o em um aeroporto internacional.
Marcus Silva
Reis
Marcus.prof@gmail.com
T.2198743-8264
Sobre o autor:
Pós-graduado em
docência do ensino superior, pós-graduado em ciências aeronáuticas, pós-graduado
em segurança da aviação civil, Bacharel em ciências Econômicas. Piloto
comercial de aeronaves de asas fixas desempenhou funções de Piloto de
aeronaves, instrutor, professor e coordenador de curso superior na formação de
pilotos e gestores de aviação civil. Atualmente desempenha a função de perito
em aviação em demandas judiciais!