
Balonismo comercial no Brasil: a urgência de uma regulamentação mais rígida
ransporte de passageiros em balões é turismo, é lazer — mas também é uma operação de risco. E tratar essa atividade com regras mínimas é uma forma de negligência regulatória.
🎈 O crescimento do balonismo no Brasil exige atenção
Nos últimos anos, o balonismo se consolidou como atração turística em cidades como Boituva (SP), Piracicaba (SP), Torres (RS) e São Carlos (SP). Os voos de balão viraram símbolo de experiências únicas, buscadas por casais, famílias e turistas do mundo todo.
Entretanto, à medida que aumenta o número de voos, cresce também a responsabilidade sobre a segurança das operações comerciais com passageiros. E aí está o problema: o Brasil ainda não exige uma licença comercial específica para quem transporta pessoas em balões de forma remunerada.
❗ Piloto de balão pode voar com até 25 passageiros — sem licença comercial
Diferente da aviação motorizada, onde qualquer operação remunerada exige a Licença de Piloto Comercial (PC), o balonismo funciona com base na Licença de Piloto de Balão Livre (PBL) — uma habilitação sem distinção entre uso privado e uso comercial.
Na prática, isso significa que o mesmo piloto que acabou de tirar sua licença pode levar grupos de 10, 15 ou até 25 pessoas, em um voo pago, sem qualquer exigência adicional de proficiência, revalidação periódica ou curso específico para voos turísticos.
É o mesmo que permitir que um motorista recém-habilitado conduza um ônibus lotado em estrada aberta. Simplesmente não faz sentido.
🌐 O que dizem outros países sobre balonismo comercial?
Na Turquia, onde o balonismo turístico é altamente desenvolvido, os pilotos são submetidos a:
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Treinamentos específicos para voos com passageiros
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Avaliações regulares
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Fiscalização intensa das operações
Nos Estados Unidos, o FAA exige que o operador tenha certificação comercial (Part 91/119), além de requisitos mínimos de experiência e regras estritas de manutenção e operação.
Enquanto isso, no Brasil, a operação comercial de balões é tratada com regras mínimas e genéricas.
⚠️ Sem regulamentação, o risco é previsível
Acidentes em balonismo são raros, mas quando ocorrem, os danos podem ser catastróficos. E com o crescimento do turismo de aventura, é apenas uma questão de tempo até que a ausência de regulamentação adequada cobre seu preço.
A ANAC tem feito um bom trabalho em diversas áreas, mas neste ponto, não agir é fechar os olhos para um risco óbvio. E isso é, sim, uma forma de negligência regulatória.
✍️ Propostas urgentes para o balonismo comercial
O Brasil precisa seguir o exemplo das nações mais experientes e implementar:
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Uma licença comercial específica para balões
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Requisitos mínimos de experiência para voos com passageiros
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Revalidação periódica e treinamento continuado
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Regras claras para manutenção, operação e limites meteorológicos
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Supervisão técnica e fiscalização de operadores turísticos
✅ Conclusão: é hora de regular com seriedade
Balonismo é turismo, é emoção — mas também é transporte de vidas humanas pelo ar. E onde há vidas envolvidas, deve haver responsabilidade técnica proporcional.
Permitir operações comerciais com regras tão frágeis é negligência. Regular é prevenir. Regular é proteger.
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