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quinta-feira, 24 de abril de 2025

Infraestrutura Aeroportuária no Brasil: Temos Pátios Suficientes para Crescimento da Aviação?


 Por Marcuss Silva Reis – Economista e especialista em aviação civil

Quando se discute a expansão da malha aérea brasileira, seja com empresas nacionais ou estrangeiras (no caso da cabotagem), uma pergunta precisa ser feita com seriedade: temos infraestrutura de pátio nos aeroportos para suportar um aumento significativo no volume de aeronaves?

A resposta, com base em dados e análises técnicas, é não. A maioria dos aeroportos brasileiros, mesmo após concessões e reformas em terminais de passageiros, segue com limitações graves em áreas operacionais, especialmente nos pátios de aeronaves.

✈️ O que é pátio de aeronaves e por que ele é crucial?

O pátio de aeronaves é a área do aeroporto onde as aeronaves estacionam para embarque, desembarque, reabastecimento e manutenção leve. Diferente do terminal de passageiros, o pátio tem função diretamente operacional — e sua capacidade é um dos principais limitadores da eficiência aérea.

Se o pátio está cheio, a aeronave precisa esperar para estacionar. Isso gera atrasos, aumenta o consumo de combustível e reduz a competitividade das companhias aéreas.

🚧 A realidade dos aeroportos brasileiros

De acordo com relatórios da ANAC e da Infraero, muitos aeroportos operam no limite da capacidade de pátio nos horários de pico. Mesmo em grandes hubs como Guarulhos (GRU), Brasília (BSB) e Confins (CNF), é comum ver aeronaves aguardando posição livre ou sendo direcionadas para posições remotas com ônibus.

O problema é ainda mais grave nos aeroportos regionais, que muitas vezes contam com apenas uma ou duas posições de estacionamento — insuficientes para atrair novas rotas, muito menos companhias estrangeiras.

Segundo o Plano de Aviação Regional do antigo SAC (atual Ministério de Portos e Aeroportos), mais de 90% dos aeroportos fora das capitais não possuem capacidade de pátio suficiente para operações simultâneas de jatos comerciais.

🌍 E a cabotagem? Temos estrutura para isso?

A discussão sobre cabotagem aérea no Brasil, ou seja, a permissão para empresas estrangeiras realizarem voos domésticos entre cidades brasileiras, esbarra diretamente nesse gargalo. Antes de discutir política de mercado, é preciso olhar para o chão do aeroporto: não temos onde estacionar mais aviões, especialmente nos horários de pico.

Permitir a entrada de novas empresas — com frotas maiores e planos ambiciosos — sem resolver a limitação física dos pátios seria como vender mais passagens sem garantir que o avião tenha onde pousar e parar.

🔍 Impactos da falta de infraestrutura de pátio

❌ Atrasos e cancelamentos

Com pátios lotados, aeronaves aguardam em solo, aumentam o tempo de voo e atrasam conexões.

❌ Maior custo operacional

Empresas gastam mais com combustível e manutenção ao operar em situações de espera ou com logística comprometida.

❌ Risco para a segurança

Com áreas apertadas, aumenta o risco de colisões no solo e acidentes operacionais.

❌ Desestímulo à aviação regional

Sem estrutura nos aeroportos menores, novas rotas deixam de ser viáveis economicamente.

📊 Um dado histórico que escancara a realidade

Para se ter ideia do desequilíbrio histórico, a Varig — maior companhia aérea da história do Brasil — nunca conseguiu manter mais do que 20% dos voos internacionais em relação às empresas estrangeiras que operavam no Brasil.

Ou seja, mesmo no auge da aviação nacional, com uma empresa robusta, o país não conseguiu reciprocidade real. Imagine agora, com empresas mais enxutas, enfrentando limitações de pátio, combustível caro e mercado concentrado.

✅ O que precisa ser feito?

Antes de discutir cabotagem, precisamos investir e resolver os gargalos de infraestrutura. Algumas ações urgentes incluem:

  • Ampliação dos pátios de aeronaves nos aeroportos regionais e hubs nacionais;

  • Revisão da malha de horários para evitar saturação nos picos;

  • Modernização de sistemas de movimentação em solo (APRON Management);

  • Investimento público e privado na infraestrutura operacional, além dos terminais.

📚 Fontes de Consulta e Leitura Recomendada


✈️ Conclusão

O Brasil precisa voar mais alto, sim — mas com os pés no chão. Antes de discutir liberalização do mercado aéreo com promessas de “reciprocidade” e “concorrência saudável”, é preciso garantir que temos infraestrutura de pátio e pista para sustentar esse crescimento. Caso contrário, corremos o risco de colapsar o sistema e entregar nossa malha aérea sem retorno garantido.

Reciprocidade sem estrutura é retórica — e não política séria de aviação.

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